quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Água potável!

Falar de falta de água em Metangula até me dá comichão. Com tanta água ali à volta, como é que pode falar-se em falta de água? O problema, no entanto, existe. Por falta de condições sanitárias e aumento exponencial da população, a água nas proximidades de Metangula tornou-se imprópria para o consumo. Urge fazer uma estação de bombagem e tratamento de água para distribuir à população, mas falta o dinheiro para isso. Kobili opande, como se diz no dialecto nyanja.


Algumas organizações internacionais têm tentado ajudar, mas essa ajuda limita-se a instalar bombas manuais em poços já existentes. Numa povoação pequena talvez ajude, mas onde houver milhares de pessoas é necessária uma solução mais radical. Felizmente, água não falta, está mesmo ali à mão de semear. É tudo uma questão de construir um grande reservatório e comprar uma bomba para a retirar do lago. E depois umas gotinhas de cloro e meia dúzia de fontanários públicos para fazê-la chegar aos quatro cantos de Metangula.
Vamos a isso pessoal?

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Olivença, agora Lupilichi!


Antigamente era a bandeira portuguesa que oudulava ao vento, agora é a de Moçambique, país livre que correu com os portugueses de lá para fora. Pelo aspecto dos abrigos onde habitam os moçambicanos livres, parece que não ficaram a lucrar grande coisa com a mudança.
Nunca fui a Olivença, mas, nos idos de 1964, caminhei duas noites e um dia para lá chegar. Guiado por alguém que não conhecia o caminho, um grupo de onze ou doze fuzileiros andou por montes e vales, à chuva e à fome e teve que regressar à base sem ter posto os olhos nesta terra perdida do norte do Niassa.
Distante da fronteira do então Tanganika uns míseros 25 Kms, sabe Deus por onde teremos andado nessa viagem. Talvez dentro do território do país vizinho, uma vez que o Rovuma ainda não é fronteira naquele lugar, ou nem se dá por ele. Hoje, isso já não interessa nada e não penso lá voltar, limito-me a recordar as peripécias do tempo em que por lá andei.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Pescador benfiquista!

Há 50 anos, o melhor que havia como barco de pesca no Lago Niassa era uma piroga escavada no tronco de uma árvore, como nós, os que por lá andámos de G3 em punho, tivemos oportunidade de ver. Hoje, já vai havendo outro tipo de barcos, como se pode ver na imagem, e com motores mais ou menos potentes para substituir as pangaias que nessa altura eram utilizadas para fazer mover a piroga.
E também há redes que eu já as tenho visto noutras imagens que circulam pela internet. Redes mais ou menos modernas e ajustadas ao tipo de pesca que ali é permitido. Verdade também é que já existe, em Metangula, um organismo do Estado que controla/fiscaliza essas coisas.
Quando estava em Metangula vi muitas vezes os pescadores mergulharem com uma espécie de lençol branco, cada um deles segurando uma ponta do dito, e alguns segundos passados emergirem com meia dúzia de peixitos dentro dele. Aquilo é que era a verdadeira pesca artesanal.
Mas aquilo que me fez trazer aqui esta foto foi a cor com que o pescador pintou o seu barco, encarnado que é a cor do meu Glorioso Benfica Campeão!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Parceiros no Niassa!

Se havia um maluco (mais maluco que eu) pelo Niassa, era o Valdemar Marinheiro, mas esse, infelizmente, já cá não está para dar o seu contributo nesta luta pelo sucesso. Pelos mortos temos o respeito que eles merecem e a admiração pelo que fizeram em vida e sentimos saudades deles, como eu sinto do Valdemar.


Mas, hoje, é de outro parceiro que quero falar ou, melhor dizendo, prestar-lhe um tributo muito especial por nunca me ter abandonado, desde que nos conhecemos, refiro-me ao Eduardo Maria Nunes. Ele reúne mais de 50% dos comentários feitos em todos os meus blogs e não sei se eu ainda por aqui andaria se não fosse por ele a injectar-me a energia que por vezes me falta.
E falando do Niassa, porque é disso que se trata, ele chegou lá primeiro, no ano de 1963, se não estou enganado, incorporado no «Batalhão de Caçadores Nº 598» que se radicou em Vila Cabral. Eu só lá chegaria um ano depois, em Setembro de 1964, quando os frelimistas começaram aos tiros. Antes de mim, ele calcorreou aquelas picadas, desde Vila Cabral até Metangula, passando por Maniamba, Nova Coimbra, Lunho e Cobué, lugares lindos de ser ver se não fosse pela guerra.


Casualmente, fui destacado para passar uma semana com o Exército, para desenvolvermos uma operação em conjunto, na zona a norte do Cobué, no último trimestre de 1964. Montamos a nossa tenda junto das tendas dos camaradas do exército, tomámos as refeições em conjunto e nunca saberei se estive sentado, lado a lado, com o Eduardo saboreando uma marmita cheia de feijão frade com sardinhas de conserva. Na Marinha nunca me calhou tal petisco, ele talvez não tenha essa "petisqueira" guardada num cantinho da sua memória, pois pelo que se falava, tal ementa era repetida com alguma frequência.
Em Janeiro de 1965, depois de ter dado por lá uns tirinhos regressei a Lisboa sem intenções de voltar a Moçambique. Entretanto o Eduardo por lá continuou, durante mais alguns meses, a amargar as agruras da guerra, a qual transformou aquele canto do mundo num autêntico inferno. Principalmente por causa das minas que a Frelimo espalhava a esmo em tudo que era picada. Se as tivessem que pagar não seriam tão pródigos, mas como eram oferecidas pelos comunas de Moscovo e Pequim, toca a aviar. Toda aquela zona entre Maniamba e o Cobué, com o Lunho no meio, era um verdadeiro inferno por causa delas. Daí lhe ficou o nome de «Estado de Minas Gerais», bem conhecido por todos os combatentes que por lá passaram.
E quando o Eduardo dava por terminada a sua guerra e regressava a Lisboa, inscrevi-me eu na Companhia de Fuzileiros Nº 8 para regressar a terras moçambicanas. Cheguei lá nos fins do ano de 1965 e passei na capital da província quase todo o ano de 1966. O resto da comissão foi passado no Niassa e voltei a calcorrear as picadas por onde o Eduardo e eu já tínhamos andado três anos anos. Um acaso da vida levou-me ao Quartel do Exército de Vila Cabral, em meados de 1967 e tirei lá uma fotografia que aqui vos vou mostrar para provar o que digo.


Por causa das minas de que atrás falei, a Parada do Quartel era um autêntico cemitério de viaturas acidentadas. Quem ocupava o quartel, nessa altura, era o Batalhão de Caçadores Nº 1891, talvez o que mais publicações tem na internet. Nessa altura já o Eduardo tinha feito o espólio no Exército e cuidava doutra vida.


E termino com uma última notícia, para vos contar que o Eduardo já é reconhecido "na rede" como uma pessoa importante e com direito a perfil público. Diz ali em cima que isto só pode ser visto por mim, mas ele não se vai chatear comigo por eu partilhar o segredo convosco.
Toma e embrulha!!!

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A coisa vai ... devagar!

As notícias saem a conta-gotas e as obras ainda mais devagar. Eu entendo o porquê de isso acontecer assim, é a falta de recursos financeiros. E eu que tanto gostava de ver Moçambique a andar para a frente!


O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) confirma a disponibilidade de trezentos milhões de dólares americanos para financiar a asfaltagem dos cerca de 306 quilómetros da estrada Cuamba/Lichinga, que integra o Corredor de Desenvolvimento do Norte.
Segundo João Mabombo, oficial sénior do BAD, as obras naquela rodovia estão divididas em duas fases, a primeira das quais já está em curso, envolvendo o troço Malema/Cuamba. Nos próximos dias, segundo a fonte, deverá ser lançada a primeira pedra para a segunda fase do projecto, contemplando o troço Cuamba/Massangulo/Lichinga.
“Nas próximas duas semanas serão conhecidas as empresas ou a empresa responsável pela execução das obras nos troços Cuamba/Muita, Muita/Massangulo e Massangulo/Lichinga”, explica João Mabombo que falava há dias no Niassa, por ocasião da reinauguração da linha férrea Cuamba/Lichinga.
In Jornal de Notícias

domingo, 6 de novembro de 2016

De 1969 até aos dias de hoje!

Os combatentes da Guerra Colonial conhecem bem os nomes das povoações mencionadas abaixo, pois por ali viveram as «passas do Algarve», enquanto a guerra durou. Primeiramente sem o comboio e depois com ele a ajudar nas deslocações.
Eram despejados, aos milhares, em Nacala e apanhavam depois o comboio que os levava para o interior norte, de onde muitos regressaram estropiados e muitos outros por lá ficaram para sempre. Eu sou um daqueles que seguiu esse caminho e voltou são e salvo.
A reabertura desta linha também nos diz respeito, pois ajudamos na sua construção, assistimos à sua destruição e temos o direito de festejar, agora, o seu regresso à actividade. Desejo, sinceramente, que ela ajude os moçambicanos a ter uma vida melhor, em tempos de paz, como nos ajudou a nós, nos tempos da guerra.


«O Presidente da República procedeu à inauguração, esta quinta-feira, da estação de Lichinga, um acto que marca o fim da reabilitação total da linha-férrea que liga o distrito de Cuamba à capital provincial, numa extensão de 272 quilómetros.
A cerimónia arrancou com uma viajem experimental de 14 quilómetros, de Lichinga ao distrito de Chimbonila. Durante o troço, várias pessoas saudaram a comitiva do Presidente da República e demais pessoas que eram transportadas no comboio.
“O comboio apitou e está a ser ouvido em Mavago, Mandimba, Lago, Ngauma, Sanga, Membe, Mecula, Marrupa, Maúa e todos outros distritos da província. É com imensa emoção e satisfação que me associo à reinauguração da linha de Lichinga, a linha que percorri a cada quilómetro”, afirmou Filipe Nyusi.»

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O «Comboio do Catur»!


No longínquo ano de 1969 (já eu estava fora da marinha, era casado e pai de filhos) era, orgulhosamente, inaugurado o troço do caminho de ferro que ligava o Catur a Vila Cabral. Durante os 5 anos seguintes, milhares de combatentes portugueses fizeram essa famosa viagem, entre Nacala e Vila Cabral, em muito melhores condições do que eu, quando me calhou a vez, no último trimestre de 1966, pois tive que fazer o troço final (mais de 200 Kms) em cima de uma Berliet do Exército e por uma estrada que era pouco mais que um carreiro de cabras.
Depois veio a independência, a guerra de libertação transformou-se em guerra civil, entre comunistas e os seus opositores, e viveram-se anos muito maus. como seria de esperar num país sem rei nem roque. Tudo era roubado e/ou destruído para alimentar essa guerra que, embora em termos menos agrestes, continua até aos dias de hoje. A novíssima linha de caminho de ferro, de Nova Freixo (agora chamada Cuamba) até Vila Cabral (hoje Lichinga) também não escapou a essa voragem.
Os bandidos armados, assim eram chamados todos aqueles que lutavam contra o instituído governo marxista-leninista, assaltavam os comboios e pilhavam tudo aquilo que lhes fazia falta para continuar a sua luta. Em função disso começaram a rarear os passageiros e dentro de pouco tempo o tão famoso «Comboio do Catur» desaparecia de circulação.
Passaram, entretanto, mais de 40 anos e as vias de comunicação, em todo o distrito do Niassa, com algumas raras excepções, pioraram se comparadas com aquilo que foi deixado da era colonial. O Caminho de Ferro foi aquele que mais sofreu, tendo quase desaparecido da vida das pessoas. Qualquer niassensse com menos de 40 anos que não seja viajado, nunca viu um comboio a não ser em videos que os smartphones, espalhados pelos quatro cantos de Moçambique, levam até eles.


Neste ano da graça de 2016, a história vai dar um gigantesco passo atrás e devolver o comboio àquela gente que bem precisa dele. Cerca de 340 Kms de carris novos ou rectificados pela Mota-Engil, empresa de construçõea portuguesa, foram colocados entre Nova Freixo/Cuamba e Vila Cabral/Lichinga e será uma questão de dias até se ouvir o comboio apitar de novo na capital do Niassa.

sábado, 22 de outubro de 2016

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Bela Nyanja!

Encontrei esta foto por aí, a vogar na internet, dizendo tratar-se de uma mulher Nyanja. Não sei se é verdade ou mentira, o que sei é que se trata de uma bela mulher e, por conseguinte, digna de figurar neste blog que só trata de coisas bonitas.
Este fim de semana realizou-se um festival de música e dança na Messumba (ou Chuanga?) e aguardo que os meus amigos do Facebook publiquem algumas fotos que valha a pena publicar aqui, mas enquanto isso não acontece vamos-nos contentando com este pedaço de verdadeira beleza africana.

domingo, 11 de setembro de 2016

Rebobinar o filme da nossa memória!

A cada passo, dou uma vista de olhos pelas fotos que aparecem na net relacionadas com o Niassa, em geral, e Metangula, em particular. Há muitas fotos antigas, do tempo da guerra colonial, mas na sua maioria representam caras que me são totalmente desconhecidas, ou lugares por onde nunca passei e por isso sem significado para mim. E tenho a impressão que deve haver algum imbróglio entre a Google e o Facebook, pois há muitas fotos neste que não são localizadas pelo motor de pesquisas da Google. Ao contrário, tudo aquilo que se carrega através do Blogger vai lá direitinho.
Na minha última pesquisa, encontrei esta foto de uma das lanchas da Marinha de Guerra Portuguesa em serviço no Lago Niassa, entre 1966 e 1975 (datas aproximadas). Quem a publicou deu o nome de «Castor» à lancha, mas eu tenho quase a certeza que se trata da Regulus e não da Castor. Naveguei a bordo de ambas e sei que eram bastante diferentes, desde o casco, o tamanho, as superestruturas, etc..


Encontrei também esta outra fotografia que retrata o «Bar do Neves», sítio onde depositávamos religiosamente as nossas economias como se de um banco se tratasse. Lembro-me como se fosse hoje que ali apanhei a maior torcida da minha vida Éramos seis camaradas da CF8 e, depois de ter emborcado umas quantas bazucas, ao jantar, despejamos sete (7) garrafas de Johnny Walker para acompanhar o cafezinho que tomámos depois. Na manhã seguinte, acordei na minha cama, mas como fui lá parar não faço a menor ideia.


Antes de construirem esta casa, o casal Neves e Maria (ama dos filhos do comandante da base) vivia dentro da Base, no edifício mais a norte que era reservado aos sargentos. Por trás desse edifício tinham o galinheiro, de onde foi surripiado o galo que serviu de jantar e antecedeu o mar de whisky em que o fizemos nadar depois.
Coisas da juventude que não esquecem e faz bem recordar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Perto do Cobué!


Recentemente, um turista viajou do Malawi para Moçambique via Ilhas de Likoma e Cobué. Como o seu destino era o sul de Moçambique, não teve outro remédio senão enfrentar a viagem do Cobué até Metangula por estrada, a única que existe e que é a mesma que já existia quando por lá passei, em 1964. Aproveitando um ponto alto do trajecto, virou-se para trás e tirou esta fotografia que vos mostro aqui.
Nesses tempos usávamos essa estrada para ir à caça. Alguns anos depois ficou intransitável por causa das minas que os frelimistas por lá espalhavam, principalmente na zona do Lunho. Ainda são perto de 100 Kms que por certo não serão uma pera doce para fazer numa estrada com estas características, mas, como diz o ditado, quem corre por gosto não cansa. É aquilo a que se pode chamar o verdadeiro turismo de natureza, há por ali leões e tudo.

sábado, 20 de agosto de 2016

Nada mudou em 50 anos!


Esta é uma imagem recente tirada numa qualquer aldeia do Niassa, em Moçambique. Eu que me passeei por muitas localidades do Niassa, antes e durante a Guerra de Libertação, posso garantir que nada difere daquilo que por lá vi nesse tempo. As mesma capulanas, os mesmos utensílios de cozinha, a criança pendurada na mama da mãe, etc..
Basta-me fechar os olhos e vejo esta mesma imagem que me ficou gravada na memória dos tempos que passei no Niassa.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Peixinhos do lago!


Pesquei esta imagem numa notícia cujo título era "Maniamba". Achei estranho, pois que eu saiba o lago não chega a Maniamba e, portanto, parti do princípio que isto só pode ser Metangula ou perto daí e tudo que diga respeito a Metangula me interessa.
Numa fase mais aguda da guerra, no ano de 1967, faltou-nos o abastecimento. O Dakota que nos abastecia avariou e a estrada para Vila Cabral estava também cortada, com as pontes do caracol dinamitadas. No paiol só tínhamos farinha para a padaria, fardos de bacalhau e montes de massa (cotovelos). Como a carne também não era fácil de arranjar, teve que ser o bacalhau a dominar as receitas. Mas bacalhau com massa não é grande petisco e para criar alguma variedade na ementa começámos a ir à pesca. Um bote a remos, duas granadas e ... lá vai disto. Só que peixe de água doce com massa é ainda pior que bacalhau.
Durou para cima de um mês essa situação e quando vimos o Dakota surgir, de novo, nos céus de Metangula, demos graças a Deus pelo fim da dieta forçada. Entretanto começou a funcionar a linha de abastecimento do Catur a Metangula, via Meponda e nunca mais houve problemas. Bons amigos meus foram motoristas dos camiões que faziam esse serviço, nomeadamente, o Licínio, o Jaquim Alturas e o Tony Conquistador.
Isto também é História, contada por mim e lida por vós que aqui me vindes visitar!

sábado, 23 de julho de 2016

Será que é desta?


Se o presidente da república já chegou a Metangula, é bem possível que o resto também chegue. Que lancha será esta em que ele navega no lago? Até à chegada do Chambo não havia ali barco que merecesse tal nome, só pirogas e pouco mais, usadas pelos pescadores para garantir o seu sustento. Pelo aspecto dos comandos a que se agarra o presidente parece coisa nova e moderna. Esperemos que sim, pois Metangula merece.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Nada como a natureza!

Fui dar uma volta até Metangula e vejam o que encontrei! Uma obra-prima da natureza que não se pode encontrar em Roma, Milão ou Paris. E nem em Londres ou Nova Iorque se encontra tanta beleza junta. O lago, os frutos e a Eva negra ... com pelo e tudo, o melhor que a natureza tem para nos oferecer e ... tudo de borla!


Neste dia, em que se prepara a noitada de S. Pedro, em que não vai faltar comida, bebida e batuque, até que o sol volte a espreitar no oriente, eu quis oferecer esta prenda aos resistentes que continuam a visitar os blogs em detrimento do Facebook que eu comparo ao Mac Donalds, um restaurante de «Fast Food» que não interessa a ninguém.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Evolução no tempo!


No edifício que se vê em primeiro plano, dormi durante 3 meses, no ano de 1964. Nenhum dos edifícios que se vêem à volta, quer dentro da Base quer fora, existia nessa altura. E até a parte mais branquinha deste edifício me parece ter sido construída depois, pois não me recordo de existir nessa altura.
Foi a evolução necessária provocada pelo aumento significativo do pessoal da Marinha, em Metangula. Em 1964, apenas um pelotão e depois uma Companhia, um Destacamento e mais um montão de gente, a começar pela tripulação de uma quantidade de lanchas de fiscalização e desembarque, etc., etc..

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Primeiros dias da guerra!


Mês de Janeiro do ano de 1965.
Pessoal da CF2 em patrulha no Niassa, na zona entre o Cobué e a fronteira do Tanganika, depois da emboscada sofrida no Lipoche, no dia 9 desse mesmo mês. Nessa altura era muito raro haver alguém com uma câmara fotográfica no bolso, mas desta vez aconteceu. Quem fez a fotografia enviou-ma com o pedido expresso de a publicar neste blog. Ora cá está ela!

sexta-feira, 10 de junho de 2016

A ponte sobre o rio Lunho!

A população reconhece, por outro lado, o incessável esforço que o governo de Filipe Nyusi está fazendo no sentido de transformar as promessas eleitorais em projectos visíveis, nomeadamente nas áreas de abastecimento de água, construção e reabilitação de vias de acesso, expansão das redes de energia eléctrica, sanitária, educacional, entre outras insfraestruturas.
Por exemplo, em Metangula, sede do distrito do Lago, a população testemunhou o lançamento pelo Presidente da República da primeira pedra para a construção de uma ponte sobre o rio Lunho, realização que vai permitir a ligação da vila municipal de Metangula ao posto administrativo de Cóbuè, facilitando desta maneira a ligação à ilha malawiana de Koloma, para onde, regra geral, parte dos habitantes daquela minúscula zona residencial procura o hospital de referência, bem como estabelecimentos comerciais para adquirir produtos de primeira necessidade, principalmente.
Depois destas palavras que não são minhas, vou deixar aqui algumas imagens da velha ponte sobre o rio Lunho que a guerrilha da Frelimo destruiu logo nos primeiros anos da guerra de libertação. Ao fim de 50 anos já era tempo, de facto, de alguém se preocupar em levantá-la de novo. Mas para já, ainda foi apenas a primeira pedra, veremos quanto tempo será preciso para lá colocar todas as outras que fazem falta para a obra ficar completa.






sexta-feira, 3 de junho de 2016

No Cobué, posando para a fotografia!

Foi mesmo pose para a fotografia, pois, que me lembre, nunca fiz serviço de sentinela no Cobué. Nos tempos da CF2 estive lá várias vezes, mas eram ainda tempos de paz e não era preciso andar sempre de G3 em punho. Na comissão da CF8 só lá fui em visita e é dessa altura esta fotografia.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Boa vida? Isso é que era bom!


Chegar ao interior de Moçambique e criar uma cidade a a partir do zero foi o que a Marinha de Guerra Portuguesa fez, logo que foi decidido estabelecer uma base no Lago Niassa. Um posto de rádio e uma pequena lancha de fiscalização foi o ponto de partida para que Metangula começasse a aparecer no mapa.
Uma construtora de Vila Cabral foi contratada para construir os primeiros edifícios para albergar o pessoal e depois disso foi o pessoal da Companhia 2 e, mais tarde, da Companhia 6 quem se encarregou de fazer aparecer aquilo que faltava.


Nas imagens que junto pode ver-se um grupo de trabalho da CF2 a levantar um muro de vedação da área da Base, mais tarde conhecida pelo pomposo nome de «Comando Naval dos Portos do Lago Niassa».
Em 1964, quando lá cheguei com um pelotão de fuzileiros, tinha apenas uma dúzia de homens, entre comando, comunicações e tripulação da Lancha Castor. Lancha essa que na noite de 24 para 25 de Setembro levou umas rajadas de metralhadora, disparadas do ponto mais alto, onde mais tarde viria a ficar instalado o Centro de Comando do Exército. Local onde existia uma segunda cantina para servir a população indígena, a qual era conhecida pela designação de «Cantina da Mulata».
P.S. - Quem tiver bons olhos que se habilite a identificar os trabalhadores, pois os meus já estão a ver tudo desfocado. Mas o Eduardo Bonanza reconheço sem dificuldade.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Despojos de guerra!


Em Metangula, resiste ainda a velha carcaça de uma Berliet que por lá deixámos, depois de terminada a guerra. Um amigo perguntou-me se queria que tirasse umas fotografias e eu disse-lhe logo que sim. São os testemunhos da nossa passagem por lá. Também me calhou fazer algumas viagens em cima delas e "cagava-me" de medo.
No ano de 1966, toda a CF8 foi transportada nestes camiões, do Catur até Meponda, altura em que estavam na moda os LGF que disparados da berma da estrada contra um camião carregado de homens podiam fazer uma mortandade sem limites. Só respirei de alívio quando me vi dentro da nossa lancha e no meio do Lago.


quinta-feira, 24 de março de 2016

Os pescadores e os peixes!

Um dos meus amigos do Facebook publicou esta fotografia (entre outras), com uma legenda que dizia - muitos peixes e poucos compradores. Numa terra como Metangula, onde quase todos são pescadores, eu até percebo a mensagem. Se em cada família há pescadores, nunca haverá quem lhe compre os peixes que não conseguem comer. A solução passa por secá-los para fazer uns petiscos quando não puderem ir à pesca. Gostei da fotografia, pelo recorte das montanhas que se vê ao fundo, e resolvi trazê-la para aqui para ilustrar esta minha mensagem e assim manter este blog com alguma actividade. Embora não sejam muitos, eu sei que há alguns fiéis seguidores que passam por aqui de vez em quando e gostam de ver coisas novas.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Batalhão de Cavalaria 1879!

Emblema do Batalhão


Malta do exército que esteve connosco no Niassa e que sofreu uma quantidade de mortos e feridos, um deles o Manuel Sousa que escreveu o comentário que transcrevi na mensagem anterior.
Vila Cabral, Maniamba, Nova Coimbra, Metangula e Cobué, tudo lugares bem conhecidos da minha pessoa, foram as localidades por onde se espalhou o batalhão, enquanto esteve no Niassa. De Lisboa a Nacala de navio, de comboio atá ao Catur e depois em cima das Berliets do exército atá ao destino final. Exactamente o mesmo trajecto que eu (e a CF8) fiz, mais ou menos na mesma altura.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Picada para Nova Coimbra!


Agora é raro passar por aqui, pois falta-me material para publicar. Não consegui os contactos que pretendia em Metangula, não tenho fotografias novas nem notícias que valha a pena publicar, portanto as hipóteses são poucas.
No entanto, hoje, recebi uma mensagem via Facebook que acho que vale a pena deixar aqui. Ora vejam:

«Caro amigo estive a ver fotos que o senhor tem no facebok e vi que o amigo também esteve em Metangula, na Marinha. Pois eu passei bons bocados lá na Base, íamos jogar futebol de salão à noite. Estive em Metangula desde Junho de 66 a Março de 67, pois era radiotelegrafista na CCS do Batalhão de Cavalaria 1879, as Companhias estavam assim distribuídas:
A CCS em Metangula, outra em Maniamba, outra no Cobué e a última em Nova Coimbra.
Aquele maravilhoso lago com aquelas aguas mornas onde todos os dias íamos ao banho, enfim tenho saudades daquele local. Fui ferido numa emboscada, na estrada que liga Metangula a Nova Coimbra. Foi num sábado, 4 de Março de 67, íamos levar correio à Companhia que estava em Nova Coimbra e os tipos estavam à nossa espera. Levei um tiro na coluna e uns estilhaços de granada iam-me limpando o sebo, mas ainda cá ando.
Fiquei paraplégico, numa cadeira de rodas, passei 3 anos no hospital, em Lisboa, a recuperar e vou resistindo. Gosto de falar sobre Metangula, se fosse perto gostava de lá ir, mas aquilo tem poucas condições para pessoas como eu, apesar de que já fui ao Brasil e são 9 horas de viagem. E por hoje é tudo.
Um abraço»

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Passei por aqui!

Há quase um mês que por aqui passei a última vez! As visitas são cada vez mais raras, tal como as lembranças que tenho de Metangula que aos poucos se vão apagando da minha memória. Os amigos do Facebook são todos bons rapazes, mas como repórteres fotográficos são uma perfeita nódoa. Não enviam uma única fotografia que se aproveite para eu publicar aqui.


Esta imagem que aqui vos deixo, juraria que já a publiquei no passado, mas é uma bela imagem da praia de Seli, em Metangula, e ninguém se vai zangar comigo por a trazer aqui de novo. E serve como ilustração destas poucas palavras que aqui deixo para provar que passei por aqui neste dia.

domingo, 17 de janeiro de 2016

A cor da pele!

Candidatas a Miss Togo

Tão negrinhas que elas são!
Em Moçambique, especialmente no distrito de Gaza e Lourenço Marques, as meninas eram mais "cor de mel" e nada parecidas com estas que a imagem mostra. Também no Niassa, as raparigas da raça Yao são de pele mais clara e muito bonitas, pelo menos aquelas que aparecem nos cartazes turísticos que tenho visto, uma vez que nunca convivi muito com elas.
Mas, como em todas as outras coisas da nossa vida, deve haver gostos para tudo e quem as prefira assim negrinhas, negrinhas mesmo. Eu não, prefiro as outras!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Primeira do ano!

Mesmo depois de ter deitado os bofes pela boca fora a subir ao alto do monte Tchifuli, ainda houve vontade de brincar um pouco com a situação.
E uma coisa de que não tenho a mínima recordação é de quem seria o camarada que se deu ao trabalho de levar a câmara fotográfica e registar estas imagens para a posteridade.
Não fosse ele e não teria hoje este material para ilustrar a minha mensagem. Entre beirões, minhotos e algarvios, quem reconhece esta malta que aparece na imagem?
Quem é vivo e quem é morto?
Quem souber que fale!