domingo, 26 de junho de 2011

Modernices que vêm com o dinheiro!

Ter ou não ter computador, ter ou não ter acesso à internet, são coisas que chegam com o desenvolvimento, com a educação e o bem-estar das pessoas. Coisas de ricos, poderíamos até dizer. Ora para as gentes de Metangula e arredores isso não passa de uma utopia que não faz ainda parte das suas vidas. A vida ali é simples, comer, dormir e sobreviver até ao dia seguinte, tal e qual como era nos velhos tempos, desde o início do mundo.
Começam, no entanto, a surgir, aqui e ali, alguns raros casos de gente que tem a seu cargo a educação dos seus semelhantes e que vai dando início ao uso desta máquina moderna que nos põe em contacto imediato com qualquer pessoa em qualquer canto do mundo, o computador.
Assim acontece com o pároco de Metangula, de quem me deram o endereço electrónico. Apressei-me a contactá-lo na esperança de fazer ali um amigo que me servisse de repórter e me contasse todas as novidades do Lago, mas não houve qualquer resposta, até agora. Esqueci-me das limitações a que pode estar sujeito. Tanto as de âmbito tecnológico como as de tempo e disposição para me aturar. Mas, pelo menos, eu tentei.
A Irmâ Olívia, uma freira que se ocupa com a educação de crianças num colégio de Lichinga, vai um passo à frente nestas coisas da cibernética e lá me vai aturando e respondendo ás minhas mensagens. Na semana passado, devido à visita do Bispo ás paróquias do Lago, teve oportunidade de ir desfrutar da beleza de Metangula e da frescura das águas do Niassa, um luxo para quem vive na poeirenta cidade de Lichinga.

O Celeiro da Messumba!

Hoje em dia, depois de Metangula só se fala na praia da Chuanga. Eu percebo porquê. A Chuanga está para o pessoal de Lichinga e outras zonas afastadas do Lago, como o Algarve está para Lisboa, ou seja, água, areia e divertimento a 100%..
No entanto, para quem sai de Metangula em direcção ao norte, a primeira povoação que nos aparece, antes ainda de a estrada obliquar para a direita, em direcção a Nova Coimbra, é a Messumba. Esta aldeia de lavradores e criadores de gado era a mais desenvolvida, do ponto de vista do negócio em questão, e a que maior suporte dava ás populações da zona no que se refere ao abastecimento de bens alimentares.


Bem gostava de vos poder mostrar uma imagem da imensa planície que se estende para norte, logo que se ultrapassa o morro que se vê do lado esquerdo desta foto, mas infelizmente não a consegui arranjar. Vamos vivendo com aquilo que temos.
A estrada vai bordejando a montanha e logo que começa a desviar-se para a direita deixa à nossa esquerda uma extensa área cultivada de fazer inveja a qualquer moderna exploração agrícola europeia. Era aí que o Cabo do Rancho se deslocava para obter os frescos necessários à alimentação do pessoal que vivia na Base da Marinha, na época da Guerra Colonial. E se era preciso comprar carne, uma vaca, um cabrito ou meia-dúzia de galinhas era na Messumba que se encontrava tudo isso.
Bem, uma coisa os meus leitores terão que desculpar-me, se algo daquilo que escrevo não corresponder à realidade, pois estou simplesmente a desbobinar aquilo que a minha memória guardou da vida de há quase 50 anos atrás.
Um bom domingo para todos e façam por ser felizes!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Metangula - A Bela!

Nunca é demais falar da beleza de Metangula e do Lago Niassa. Qualquer pessoa que carregue consigo uma máquina fotográfica é, a toda a hora, tentada a dispará-la e levar consigo as imagens inesquecíveis que se espraiam em frente aos seus olhos.
No domingo passado, gente de Lichinga deslocou-se a Metangula e, depois de cumprida a missão que os tinha levado lá, permitiram-se algumas horas de descontracção e lazer. Antes de correrem até à praia e refrescar os pés naquela água pura, quiseram registar e levar consigo a beleza da paisagem que se abria à sua feente.
E depois, quiseram reparti-la comigo que foi o melhor que podiam ter feito.


Ao regressarem a casa, já na estrada que sobe em direcção ao caracol, um último olhar em direcção ao sul e à «Bela Princesa do Niassa» que acabavam de abandonar.


Que pena me dá não ter sido eu o fotógrafo a registar estas imagens! E acredito não ser o único a pensar desta maneira. Não é verdade, pessoal?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Kaya Mawa - Likoma!

Como é que uma ilha em águas territoriais portuguesas passou a pertencer ao Malawi? Coisas dos trafulhas dos ingleses que nos passaram a perna em tudo, sempre que puderam! Não conheço a história, mas vou investigar porque me interesso pelo assunto.
Baseado numa apresentação em Powerpoint que já me foi enviada por várias vezes, abri un link - na barra lateral, à direita - para uma colecção de fotos que faz a publicidade de um «Resort de Luxo» em Kaya Mawa, na ilha de Likoma. Não é Moçambique, nem Metangula, mas tem a ver com o Niassa e é muito bonito.
Clique no link, depois em Apresentação de diapositivos (ou slideshow) e eles começarão a passar-vos em frente dos olhos.
I hope you enjoy it as much as I did!!!!!!!!!

terça-feira, 21 de junho de 2011

A primeira vitória!

Tal como vos disse, o meu plano é arranjar muitos amigos internautas na região do Lago Niassa para termos notícias fresquinhas e algumas fotos dos tempos actuais para vermos como evoluiu aquela terra onde passamos alguns momentos marcantes da nossa vida. Os primeiros resultados já chegaram. Consegui dois contactos e do primeiro deles alguma fotografias já. Fotografias essas que têm menos de uma semana de vida.

 Aldeia do lado norte (ainda não sei o nome, mas espero descobri-lo em breve)

 Paróquia e Pároco de Metangula

Aldeamento Turístico na praia da Chuanga

O Padre Leonardo que aparece na foto em frente à sua paróquia é utilizador da internet e foi um dos contactos que consegui. Só espero que a ligação à rede funcione em condições que permitam a sua ligação comigo e que tenha tempo e paciência para me aturar. Se assim for, o futuro do «Farol de Metangula» está garantido.

Vista Aérea - Anos 60!

Bela fotografia aérea focando a península de Metangula, de sul para norte, mostrando em primeiro plano as moderníssimas instalações da Marinha.


E onde se vê a «Torre do Farol», no canto inferior direito da imagem de onde parte a estrada em direcção ao cais privativo das instalações militares.

O Tchifuli!

Impressionante aquele morro debruçado sobre Metangula. Mal se avista, nasce o desejo de trepar até lá acima e espraiar a vista pela superfície líquida do inesquecível Lago. As planícies a perder de vista, tanto para norte como para sul, entaladas entre as montanhas e a imensidão de água doce são também enorme atractivo.
Duas vezes apenas subi até ao ponto mais alto deste monte. Chega-se lá sem fôlego devido à dureza da subida, mas depois de respirar fundo e normalizar a respiração é um prazer ver a península de Metangula estendida a nossos pés.
Quem me dera lá poder voltar!


Esta fotografia tem mais de 40 anos, quase 50, e muitas coisas mudaram desde então. A minha luta é encontrar alguém que actualmente viva em Metangula, ou tenha por lá passado recentemente e me possa facultar novas imagens para vermos as mudanças entretanto acontecidas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Talvez a solução esteja a caminho!

A Diocese de Lichinga está a envidar todos os esforços para fazer voltar ao normal a Igreja dos Santos Anjos, no Cobué, e dar aos seus fiéis o lugar de oração que já tiveram no passado.

 O Bispo D.Élio de visita ao lugar

 E sendo acarinhado pela população das redondezas

 Oficiando em condições precárias

 Convívio com a população

 O recomeço

As condições não são as melhores, mas...

Como se pode ver as coisas não estão paradas. Estas imagens já têm quase um ano e quem sabe hoje as coisas já estão muito melhor. A igreja, tanto a católica como a anglicana, sempre foi o maior de todos os elementos de modernização e desenvolvimento daqueles lugares. Esperemos que também nesta altura tenham sucesso nesta campanha.

domingo, 19 de junho de 2011

O Cobué!

Logo a seguir a Metangula, foi o Cobué a segunda povoação do Niassa que me foi dado visitar em 1964. O Colégio de S.Miguel e a igreja que lá fui encontrar deixaram-me de olhos arregalados. Nunca imaginaria que pudesse haver tal coisa num sítio isolado do mundo, onde nem uma estrada havia que pudesse levar alguém até lá.


Não sei em que ano foi construído nem quem foram os missionários que tal feito conseguiram, mas é obra digna de se lhe tirar o chapéu. Quando lá pus os pés pela primeira vez, não havia padre para dar uso à igreja, nem tão pouco professores ou alunos que dessem vida àquele colégio. Com o início das actividades da Frelimo, todos desapareceram sem deixar rasto.


Infelizmente não andava de máquina fotográfica a tiracolo, quando lá fui pela primeira vez, de modo que esta foto que aqui podeis ver foi tirada em tempos recentes por algum turista ocasional que a publicou na internet e me deu a possibilidade de a mostrar aqui neste blog.
Também não estava queimada, nem era uma ruína total como está agora. Não sei quem o fez, nem quando ou em que circunstâncias ela foi queimada, provavelmente aconteceu durante os anos de guerra que ali se viveram. Como sempre as guerras tudo destroem e alguém terá que arregaçar as mangas e voltar a pôr aquilo de pé. Tenho a certeza que o povo que lá mora ficaria grato por isso!

A Origem!

Antes de 1963, no que respeita a construções modernas, nada existia na península de Metangula a não ser o edifício do Posto Administrativo, única representação do governo português naquelas remotas paragens. Para ser mais exacto devo dizer que existia também a «Cantina do Henriques», mas chamar àquilo um construção moderna seria um pouco exagerado da minha parte. Melhor e mais espaçosa que essa era a «Cantina da Mulata», mas por ter tecto de colmo, perdia o direito a ser tratada como um edifício a sério.
Depois dessa data veio a decisão de construir uma capitania e estação radionaval nas margens do Lago Niassa e Metangula foi o lugar escolhido. De Vila Cabral veio o empreiteiro com a maquinaria e os materiais necessários para fazer obra nunca vista naqueles sítios e, em pouco mais do que o tempo que leva a narrá-lo, nascia aquilo que podem ver na imagem abaixo, os primórdios do «Comando da Defesa Marítima (?) dos Portos do Lago Niassa:

Primeiro dia do resto da minha vida!

O dia 19 de Junho é um dia tão bom como outro qualquer para abrir os olhos ao mundo. Não fui eu quem o escolheu, mas sim algo ou alguém que tem maiores poderes que eu. Não estou a referir-me a este blog, mas sim ao primeiro filho (que por acaso é filha) que pus no mundo. É por isso um dia marcante para a minha pessoa.
Em homenagem a esse acontecimento decidi criar este blog que dedico a todos quantos conhecem e alguma vez pisaram as margens do Lago Niassa, região perdida no interior de um continente que é ainda o menos explorado de todos. Região de rara beleza natural que vale a pena visitar e que espero venha a ter um futuro promissor com a abertura ao turismo.
Há muito poucas fotografias desse local e poucas pessoas que por lá gastem as solas dos sapatos, mas com a modernização que aos poucos vai chegando lá, acredito que em breve começará a notar-se uma melhoria. E eu conto em participar dessa mudança para melhor. Cada vez há mais internautas, em todos os cantos do mundo, e  o Niassa não será uma excepção à regra. Procurarei e tenho fé que hei-de arranjar alguns contactos naquele paraíso perdido para me enviarem material - fotografias, textos, notícias, etc. - para ir mantendo o interesse dq quem me visitar.
O meu propósito é nobre, desejem-me sucesso!