domingo, 21 de agosto de 2011

Ponto final!


Mudei de endereço
Não haverá mais publicações neste blog
Os meus seguidores podem (e devem) encontrar-me em:

sábado, 20 de agosto de 2011

Há quarenta anos atrás!

Antigamente havia o grupo dos «Pen-Palls» cujos membros se correspondiam uns com os outros para transmitir notícias, trocar experiências ou apenas porque lhes faltava a capacidade para encontrar amigos no círculo das suas relações. E isso era no tempo em que era preciso usar papel e esferográfica, lamber o selo e ir até ao marco do correio para que a carta iniciasse o longo caminho até ao seu destino, muitas vezes num continente distante.
Hoje em dia, nada disso é preciso. As ferramentas que temos à nossa disposição põem-nos em contacto com qualquer pessoa em qualquer canto este planeta e em tempo real. Foi isso que me levou a tentar criar uma rede de amigos que vivam nas imediações do Lago Niassa para me servir de correspondentes e nos irem dando notícias do que se passa por aquelas paragens.
O Facebook é um dos meios que nos permite fazer isso com a maior das facilidades, mas é preciso que do outro lado haja alguém que tenha tempo e disposição para corresponder àquilo que pretendemos deles. De Metangula consegui apenas o contacto de uma pessoa de quem recebi um único mail dizendo-se muito ocupado e que me contactaria logo que as suas ocupações lho permitissem. Até hoje, nada.
Alguns dos outros contactos que consegui são de jovens do Lago que moram, estudam ou trabalham nas grandes cidades, como Nampula, Beira ou Maputo e até eles próprios têm saudades da sua terra, mas nenhuma possibilidade de lá voltar. Estamos a falar de um país onde as distâncias se medem em centenas de quilómetros e os meios à disposição são pouco menos que inexistentes.
Assim sendo vamos recorrendo ao espólio fotográfico de quem por lá consumiu a juventude nos tempos da outra senhora, para ilustrar as páginas deste blog. E aqui vos deixo com uma foto dos álbuns do Valdemar Marinheiro tirada em Metangula nos finais da década de 60 do século passado.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

De Meponda ás Melelucas!


Vou aproveitar a oportunidade de o Virgílio ter publicado esta fotografia no seu Blog para fazer o mesmo e acrescentar algumas palavras, tal como fiz no comentário que lá deixei.
Melelucas não é mencionado muitas vezes entre os militares que estiveram no Niassa pela simples razão que era um lugar perdido, numa zona pouco povoada, e sem grande impacto nos acontecimentos ligados à Guerra Colonial. Que o digam os militares da CCAV 2391, «Os Centuriões» que ali foram assentar arraiais e aí viveram longos meses nas suas tendas de campanha.
E entre os fuzileiros era sobejamente conhecida por ser o limite mais a sul onde se desenrolavam habitualmente as suas operações. E que ouviam constantemente cantar no Fado da Despedida que rezava assim:
...e ao Lipoche goodbye
a zona que é mais pachola
adeus ó ondas malucas
que daí ás Melulucas
é sempre a bater cachola!
Quem não se lembra, basta clicar neste endereço - http://blocosac2.blogspot.com/2009/08/cancioneiro-do-niassa.html - e escolher a música que mais lhe agradar ouvir.
Mas voltando à fotografia, aquilo que a imagem representa é a costa do Niassa, a norte de Meponda, exactamente na zona das Melulucas, onde os heróis da Companhia de Cavalaria 2391 viveram as passas do Algarve. E onde eu participei também na mais longa operação levada a cabo pelos fuzileiros naquela zona, nos idos de 1967.
Já lá vão tantos anos! Meu Deus, como o tempo voa!

sábado, 13 de agosto de 2011

Comando da Defesa Marítima!


O Comando Naval do Niassa foi um dos pontos mais marcantes na Guerra do Ultramar, em Moçambique. Quem passou por lá sabe ao que me refiro.
A foto do Edifício do Comando e da Torre do Farol, que podem ver acima, é talvez a melhor que já vi na internet e que aproveito para reproduzir aqui para os leitores deste Blog. E acredito que ela reproduz o melhor e mais moderno edifício que existe em todo o distrito do Lago (mesmo ao fim de 50 anos após a sua construção).
O intuito do presente Blog é mais dar notícias do presente que falar do passado, mas quero crer que quem tomou conta das instalações da Marinha as mantêm como as herdaram, sendo esta, por conseguinte, uma imagem actual. E, por outro lado, não tenho tido muita sorte com as minhas ligações aos amigos de Metangula. Eles fogem em direcção ao Maputo, Nampula, Beira ou Quelimane para poder singrar na vida e não mantêm ligações com as gentes do Lago. Mas isto é uma missão de longo alcance e tenho que ter paciência e esperar que dê frutos.
Por enquanto vamos vivendo com aquilo que temos!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Com o que sonha o porco?

Quando o cheiro de um bom cozinhado atinge as nossas narinas, o que acontece?
Sentimos água na boca, não é verdade?
E se virmos uma imagem de um lugar que nos deixou boas lembranças na nossa memória, um lugar onde gostaríamos de regressar?
O coração acelera os seus batimentos e até as lágrimas nos vêm aos olhos!

Metangula - Praia da baía

sábado, 6 de agosto de 2011

Uma à Virgílio!

Para manter o físico em ordem, nada como uma boa caminhada logo pela manhã. Sair de casa antes que o sol comece a aquecer, meter a direito pela floresta adentro e gozar a liberdade e o ar puro que Deus nos deu a todos sem termos que pagar imposto para o respirar.


Apreciar todas as maravilhas da natureza (e muitas são elas) e encher os olhos com tudo aquilo que há de belo à superfície da Terra, particularmente nas margens do mais lindo lago pelo qual o meu amigo Valdemar se apaixonou.


E ao regressar à borda de água espraiar os olhos pelo horizonte, por sobre a superfície líquida que parece não ter fim, e apreciar aquelas vistas que dão ânimo a um morto para se levantar e continuar a caminhar.


São raros ainda, mas existem já alguns pequenos refúgios turísticos onde um habitante do mundo civilizado que não sinta absoluta afinidade com a natureza pode desfrutar de algumas modernidades para se sentir em casa. Com excepção das melgas eu preferiria a natureza e dispensaria tais lugares. Mas deixemos-nos de cogitações e sigamos em frente.


Um pequeno troço do trajecto feito de piroga dá-nos a oportunidade de dar um mergulho prolongado e tirar do corpo o suor e a poeira acumulados durante o passeio e regressar assim a casa prontos para continuar o dia sem ter que perder tempo passando pelas instalações sanitárias do «Resort».


E ao regressar a casa avistar ainda as ruínas da Igreja dos Santos Anjos que alguém, um dia, se lembrará de reconstruir, o que dará alegria a muito boa gente.


E passar ainda pelo local onde a população se reúne para assistir ás lições do mestre-escola, prelecções políticas ou ainda gozar de uma hora de convívio e lazer à sombra amiga de uma árvore de frondosa copa.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ninguém liga, mas eu esforço-me...!

Muita gente que passou por Metangula não lhe ficou com saudades. Estavam mortinhos por lhe cantar o fado da "Despedida" e virar-lhe as costas para sempre. Outros houve, como o Valdemar, eu e alguns outros que se apaixonaram pelo lugar e nunca mais conseguiram esquecê-lo. Se nunca mais lá voltaram foi apenas porque as vicissitudes da vida lho não permitiram. Mas se uma oportunidade tivessem, se uma porta se abrisse, era vê-los correr, mesmo velhos e decrépitos, ao encontro da bela nunca esquecida «Ninfa do Niassa».
Neste blog que pretende ser uma ode àquela bela terra moçambicana, eu vou tentando descrever o lugar e juntando-lhe algumas fotografias para tentar cativar a atenção de quem por lá nunca passou mas é apreciador das belezas que Deus criou à face da Terra para nos dar prazer.


Ontem falei de macacos e de mangueiras e hoje vou voltar ás mangueiras e falar também de outra árvore típica daqueles lugares que muita gente admira pelo tamanho que consegue atingir, em especial pelo diâmetro do tronco na sua base, o embondeiro. Poucos saberão, no entanto, que são comestíveis os frutos desta árvore e é coisa importante de saber, pois pode salvar a vida a algum esfomeado que não tenha outra coisa em que meter o dente.
Aprendam que eu não duro para sempre! 

domingo, 31 de julho de 2011

Macacos e mangueiras!


As mangas verdes e pequeninas, na maior parte das vezes, não prestavam para comer. Nem os macacos as queriam. Apanhavam-nas, davam-lhe uma mordidela e deixavam-nas cair para o chão.


Quando marchávamos pelo mato e era forçoso que se mantivesse o mais absoluto silêncio, lá aparecia um macaco que dava um guincho e punha a família toda a responder-lhe. Era o suficiente para assinalar a nossa presença e lá se esfumava a surpresa com que esperávamos actuar.



Maiores, mais apelativas na cor era prenúncio de que nos saberiam melhor quando lhe metêssemos o dente. E como fome era coisa que não faltava naqueles tempos, não era raro fazermos desta fruta uma refeição. Algumas tinham um gosto forte à resina que fazia com que as arremessássemos pelo ar após a primeira ferradela.


Na encosta da serra ou por cima das árvores, bandos de macacos faziam uma algazarra danada. Uns achavam-lhe piada, outros tinham-lhe medo, mas a mim eram-me indiferentes. De vez em quando e apenas por diversão saía uma rajada da G3 para o meio das copas das árvores e então... era o fim da macacada!


Mangueiras e mais mangueiras de belas sombras ao pé da praia. Mangas para trincar de vez em quando que mais pode um homem pedir a Deus?
Tudo isto só nas margens do mais lindo lago do mundo, o Niassa!

sábado, 30 de julho de 2011

Os pescadores do Niassa!

Desde a Pré-História que a pesca é usada pelos animais que habitam este planeta como grande fonte de alimentação para garantir a sua subsistência.
A águia pesqueira que povoa as margens do Lago Niassa é disso um grande exemplo. Quem não assistiu já ao velocíssimo mergulho que a águia, lá das alturas, faz em direcção à superfície líquida onde avistou o brilho prateado de uma saborosa presa em que, num ápice, consegue cravar as suas garras elevando-se de novo nas alturas.


O Homem não é diferente dos outros animais que Deus colocou à superfície da Terra. Também ele tem que procurar e lutar pelos alimentos de que precisa. Não tendo as asas, os olhos e as garras da águia tem que socorrer-se de outros apetrechos para conseguir retirar das águas o peixe com que se alimenta.


Pequenos barcos, ou mesmo pirogas escavadas em troncos de árvores, abatidas na floresta próxima, são usados para ir ao encontro dos peixes no meio em que vivem. Todos os habitantes das margens do Lago Niassa nadam como peixes. Desde que saem da barriga da mãe treinam todos os dias para atingirem esse objectivo que vai dar-lhes as ferramentas para conquistarem o seu quinhão de comida e assim sobreviverem neste mundo adverso.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

E se isto não for o que eu penso?

Confesso que me sinto um tanto ou quanto confuso quando olho para esta foto. Do ângulo em que ela foi tirada deviam avistar-se outras coisas e não aquelas que se vêem na imagem. Onde está o cais das bombas? E as machambas cheias de papaieiras à borda de água?
E esta espécie de areal cheio de árvores onde antes só havia caniços! Será que tudo mudou assim tanto?


A torre branca é a única coisa que me faz acreditar que isto é uma imagem de Metangula, feita a partir da entrada da baía. Tudo o resto é para mim uma completa novidade, mas não quer dizer que não possa ser verdadeira. Afinal já se passaram 43 anos desde que virei as costas àquele (este) lugar!

domingo, 24 de julho de 2011

Se eu pudesse regressar...!

... talvez viajasse de avião. E ao aproximar-me de terra e da pista que tantas vezes capinei e cuidei para que os aviões pudessem aterrar em segurança, veria com certeza esta imagem que hoje vos ofereço.


Não sei quem nem quando fez esta fotografia, mas sei que é digna de figurar aqui neste blog. É difícil pedir mais a qualquer fotógrafo. O enquadramento da península onde se situa o Comando da Defesa do Niassa é perfeito. A cor do Lago é, como sempre, um sonho. A vista geral de toda a baía que é o melhor porto de abrigo ideal para qualquer marinheiro não podia ser mais bem apanhada. Em resumo, uma maravilha de fotografia para retratar outra maravilha que é Metangula.
Aproveitem e... nem precisam de agradecer!
Bom resto de domingo!

domingo, 17 de julho de 2011

O Motoqueiro!

Há dias publiquei uma foto tirada mais ou menos deste mesmo sítio. Só que não aparecia o motoqueiro que podeis ver aqui. Ao princípio fiquei um tanto ou quanto admirado, pois não me pareceu lógico que andasse por ali alguém de motoreta, mas depois de pensar um bocado já a coisa me pareceu natural. Porque não? É um dos meios de transporte mais práticos e mais baratos e uma boa aposta para as gentes daquele recanto do mundo.


Ir de Metangula a Maniamba de motoreta é uma viagem e tanto. E, pensando nas feras que por ali andam à solta, um pouco assustadora, mas se calhar as coisas mudaram muito e há outras povoações entre as duas cidades. No nosso tempo era um bico de obra fazer aqueles 30 quilómetros e não habitava ninguém por aqueles lados.
Mas já lá vão 44 anos desde que vi esta terra pela última vez. E então praticava-se ali um desporto perigoso - esconder minas em tudo que era canto. Será que já as localizaram e desactivaram todas, ou ainda estão por lá algumas para dar algum desgosto a alguém?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Um mergulho para aquecer!

Parece estranho o título, não é verdade? Mas com o termómetro a razar os zero graus, em Lichinga, o melhor é correr até ao Lago e dar um mergulho para aquecer o corpinho enregelado.


A viagem até Meponda é mais ou menos metade (em quilómetros) daquela que separa Lichinga de Metangula e embora a estrada ainda não tenha sido alcatroada num pulinho está-se lá.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Desenvolvimento tarda em chegar!


Rua principal de Metangula, vista de sul para norte, com a encosta do Tchifuli em pano de fundo. Como se pode ver o alcatrão ainda não chegou aqui, mas os paus de fio dão indicação que o telefone já não é novidade por aquelas bandas.


Em foco a mesma rua, mas vista agora de norte para sul. Neste lugar, onde se encontrava o fotógrafo que bateu esta chapa, havia, há muitos anos atrás, uma paragem da «Malaposta» que dava apoio ao «machibombo» que fazia a viagem entre Vila Cabral e Metangula uma vez por semana, à terça-feira.
Foi há tanto tempo que já não há ninguém que se lembre disso. Nesses tempos recuados da vida dos habitantes de Metangula, não havia guerra, nem Frelimo, nem muitas outras coisas más que depois disso lhe calharam em sorte.

domingo, 10 de julho de 2011

A Terra Vermelha do planalto!


Vila Cabral / Lichinga, ontem ou hoje, terra vermelha e matope, vento e poeira que entra pelos olhos e se cola ao corpo de quem por lá anda. E, claro, a chuva também atrapalha.
Esta semana choveu e fez frio como há muito não sentiam as gentes do planalto niassense. Esteve o termómetro perto do zero absoluto e já se faziam piadas sobre quem aguentaria melhor aquele clima, se os europeus ou os africanos. Foi preciso ir ao fundo do baú e mostrar a luz do dia aos abafos mais quentinhos que cada um tinha guardados (se calhar poucos).


Crianças de uma aldeia que fica a meio-caminho entre Lichinga e Maniamba. Esfarrapados mas bem dispostos. Para quem não tem nada, tudo é uma festa, até a passagem de um missionário branco. Não têm cara de fome e parecem felizes. É um bom sinal.
Nas proximidades do lugar onde moram, andam várias empresas a fazer prospecção de petróleo. Se forem bem sucedidos nos seus intentos, será que a vida para estas crianças vai melhorar ou virar num inferno? Desenvolvimento trará com certeza, mas isso não é sinónimo de felicidade.

Chegou um turista!

Esperaria ver chegar a Metangula um turista mal vestido, de mochila ás costas ou com aspecto de caçador de feras, de chapéu colonial e arma a tiracolo, mas nunca com um par de malas que ficariam melhor no aeroporto do Maputo.


Mas quem está habituado a viajar é que sabe o que deve levar consigo. Eu diria, no entanto, que este turista não sabia para onde ia, ou não está habituado ás terras e ao clima africano. Meia-dúzia de T-Shirts, uns calções e um par de sandálias era tudo quanto precisava para uns dias bem passados naquele paraíso.

sábado, 9 de julho de 2011

Metangula, a esquecida!

Não tem sido muito profícua a minha ligação aos novos amigos que consegui angariar em Lichinga. Ou porque não estão nem aí para aquilo que eu pretendo, ou porque não têm aquilo que eu tanto procuro. Numa terra onde falta tudo, já é um milagre ter um computador e acesso à internet. Querer ainda que tenham uma máquina fotográfica digital já é pedir demais. E pensar que podem andar, assim sem mais nem menos, os 120 quilómetros que separam Lichinga de Metangula para poderem satisfazer os meus desejos é pura utopia.


Mesmo assim, ainda consegui uma foto, tirada da estrada de Maniamba, ao descer do caracol e logo que se avista o lago, que dá para ver uma coisa - é verdade que o alcatroamento da estrada até Metangula já está terminado.
Um grupo de Ex-combatentes que visitou Metangula em 2004 tirou uma foto deste mesmo lugar em que se via ainda a estrada ainda em saibro. Alguma cois mudou para melhor.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Mundo como Deus o fez!

Para quem viaja de Nkolongue para Metangula e aprecia belas paisagens, não tem mais que parar o carro e correr os olhos por aquilo que se estende para norte a perder de vista. As águas calmas do lago ou a agreste beleza das montanhas seriam motivo mais que suficiente para satisfazer o fotógrafo mais exigente. Mas há mais, muito mais. A cada curva do caminho, um novo olhar, uma nova paisagem, um macaco que pula de uma mangueira e mil outras nuances que nos fazem acreditar termos chegado ao paraíso, ao último lugar da Terra livre de poluição e ruído provocadores de stress. Tudo ali é paz e sossego.


Pena é que quando por ali passámos estivéssemos mais preocupados com o funcionamento da G3 do que com a beleza que Deus pôs em frente aos nossos olhos. Lembro-me de uma operação, com desembarque um pouco a sul do ponto onde foi feita esta foto, em que fomos recebidos à bazucada e apanhei um dos maiores sustos da minha vida. Felizmente a guerra faz parte do passado e as gentes que por ali vivem podem desfrutar destas belezas em paz e segurança. A menos que tenha ficado por lá esquecida alguma das "viúvas negras", também conhecidas por "marmitas", com que os nossos opositores nos presenteavam.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Oh vós que passais, dizei-me por onde andais!

Tenho feito uma caça incessante aos «amigos do Facebook» a ver se encontro algum que me envie fotos actuais do nosso lago, mas o sucesso é igual a zero. Aqueles que usam o FB são os que debandaram daquelas paragens, à procura de vida melhor, e vivem hoje em Nampula, na Beira ou no Maputo. Quem ficou preso ás margens do Niassa vive num outro mundo que está mais perto da Pré-História do que daquele que nós conhecemos.
Electricidade, automóveis, computadores e outras modernices não fazem ainda parte do seu dia-a-dia. A sua preocupação é ainda a de garantir pão para a boca e continuar vivo neste vale de lágrimas. Para os que atingem a idade da iniciação sexual há o tremendo problema da Sida à sua espera. Nada, portanto, de muito boas perspectivas para me ajudarem a levar por diante este projecto de manter o «Farol» aceso e iluminando os recantos mais escuros da península de Metangula.
Mas melhores dias virão. Para o Farol e par as gentes de Metangula que acabarão por ter acesso a todas as modernices deste mundo. É tudo uma questão de tempo. Entretanto, para ajudar a passar o tempo, deixo-vos aqui algumas fotos feitas pelos passantes daquela zona.






domingo, 26 de junho de 2011

Modernices que vêm com o dinheiro!

Ter ou não ter computador, ter ou não ter acesso à internet, são coisas que chegam com o desenvolvimento, com a educação e o bem-estar das pessoas. Coisas de ricos, poderíamos até dizer. Ora para as gentes de Metangula e arredores isso não passa de uma utopia que não faz ainda parte das suas vidas. A vida ali é simples, comer, dormir e sobreviver até ao dia seguinte, tal e qual como era nos velhos tempos, desde o início do mundo.
Começam, no entanto, a surgir, aqui e ali, alguns raros casos de gente que tem a seu cargo a educação dos seus semelhantes e que vai dando início ao uso desta máquina moderna que nos põe em contacto imediato com qualquer pessoa em qualquer canto do mundo, o computador.
Assim acontece com o pároco de Metangula, de quem me deram o endereço electrónico. Apressei-me a contactá-lo na esperança de fazer ali um amigo que me servisse de repórter e me contasse todas as novidades do Lago, mas não houve qualquer resposta, até agora. Esqueci-me das limitações a que pode estar sujeito. Tanto as de âmbito tecnológico como as de tempo e disposição para me aturar. Mas, pelo menos, eu tentei.
A Irmâ Olívia, uma freira que se ocupa com a educação de crianças num colégio de Lichinga, vai um passo à frente nestas coisas da cibernética e lá me vai aturando e respondendo ás minhas mensagens. Na semana passado, devido à visita do Bispo ás paróquias do Lago, teve oportunidade de ir desfrutar da beleza de Metangula e da frescura das águas do Niassa, um luxo para quem vive na poeirenta cidade de Lichinga.

O Celeiro da Messumba!

Hoje em dia, depois de Metangula só se fala na praia da Chuanga. Eu percebo porquê. A Chuanga está para o pessoal de Lichinga e outras zonas afastadas do Lago, como o Algarve está para Lisboa, ou seja, água, areia e divertimento a 100%..
No entanto, para quem sai de Metangula em direcção ao norte, a primeira povoação que nos aparece, antes ainda de a estrada obliquar para a direita, em direcção a Nova Coimbra, é a Messumba. Esta aldeia de lavradores e criadores de gado era a mais desenvolvida, do ponto de vista do negócio em questão, e a que maior suporte dava ás populações da zona no que se refere ao abastecimento de bens alimentares.


Bem gostava de vos poder mostrar uma imagem da imensa planície que se estende para norte, logo que se ultrapassa o morro que se vê do lado esquerdo desta foto, mas infelizmente não a consegui arranjar. Vamos vivendo com aquilo que temos.
A estrada vai bordejando a montanha e logo que começa a desviar-se para a direita deixa à nossa esquerda uma extensa área cultivada de fazer inveja a qualquer moderna exploração agrícola europeia. Era aí que o Cabo do Rancho se deslocava para obter os frescos necessários à alimentação do pessoal que vivia na Base da Marinha, na época da Guerra Colonial. E se era preciso comprar carne, uma vaca, um cabrito ou meia-dúzia de galinhas era na Messumba que se encontrava tudo isso.
Bem, uma coisa os meus leitores terão que desculpar-me, se algo daquilo que escrevo não corresponder à realidade, pois estou simplesmente a desbobinar aquilo que a minha memória guardou da vida de há quase 50 anos atrás.
Um bom domingo para todos e façam por ser felizes!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Metangula - A Bela!

Nunca é demais falar da beleza de Metangula e do Lago Niassa. Qualquer pessoa que carregue consigo uma máquina fotográfica é, a toda a hora, tentada a dispará-la e levar consigo as imagens inesquecíveis que se espraiam em frente aos seus olhos.
No domingo passado, gente de Lichinga deslocou-se a Metangula e, depois de cumprida a missão que os tinha levado lá, permitiram-se algumas horas de descontracção e lazer. Antes de correrem até à praia e refrescar os pés naquela água pura, quiseram registar e levar consigo a beleza da paisagem que se abria à sua feente.
E depois, quiseram reparti-la comigo que foi o melhor que podiam ter feito.


Ao regressarem a casa, já na estrada que sobe em direcção ao caracol, um último olhar em direcção ao sul e à «Bela Princesa do Niassa» que acabavam de abandonar.


Que pena me dá não ter sido eu o fotógrafo a registar estas imagens! E acredito não ser o único a pensar desta maneira. Não é verdade, pessoal?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Kaya Mawa - Likoma!

Como é que uma ilha em águas territoriais portuguesas passou a pertencer ao Malawi? Coisas dos trafulhas dos ingleses que nos passaram a perna em tudo, sempre que puderam! Não conheço a história, mas vou investigar porque me interesso pelo assunto.
Baseado numa apresentação em Powerpoint que já me foi enviada por várias vezes, abri un link - na barra lateral, à direita - para uma colecção de fotos que faz a publicidade de um «Resort de Luxo» em Kaya Mawa, na ilha de Likoma. Não é Moçambique, nem Metangula, mas tem a ver com o Niassa e é muito bonito.
Clique no link, depois em Apresentação de diapositivos (ou slideshow) e eles começarão a passar-vos em frente dos olhos.
I hope you enjoy it as much as I did!!!!!!!!!

terça-feira, 21 de junho de 2011

A primeira vitória!

Tal como vos disse, o meu plano é arranjar muitos amigos internautas na região do Lago Niassa para termos notícias fresquinhas e algumas fotos dos tempos actuais para vermos como evoluiu aquela terra onde passamos alguns momentos marcantes da nossa vida. Os primeiros resultados já chegaram. Consegui dois contactos e do primeiro deles alguma fotografias já. Fotografias essas que têm menos de uma semana de vida.

 Aldeia do lado norte (ainda não sei o nome, mas espero descobri-lo em breve)

 Paróquia e Pároco de Metangula

Aldeamento Turístico na praia da Chuanga

O Padre Leonardo que aparece na foto em frente à sua paróquia é utilizador da internet e foi um dos contactos que consegui. Só espero que a ligação à rede funcione em condições que permitam a sua ligação comigo e que tenha tempo e paciência para me aturar. Se assim for, o futuro do «Farol de Metangula» está garantido.

Vista Aérea - Anos 60!

Bela fotografia aérea focando a península de Metangula, de sul para norte, mostrando em primeiro plano as moderníssimas instalações da Marinha.


E onde se vê a «Torre do Farol», no canto inferior direito da imagem de onde parte a estrada em direcção ao cais privativo das instalações militares.

O Tchifuli!

Impressionante aquele morro debruçado sobre Metangula. Mal se avista, nasce o desejo de trepar até lá acima e espraiar a vista pela superfície líquida do inesquecível Lago. As planícies a perder de vista, tanto para norte como para sul, entaladas entre as montanhas e a imensidão de água doce são também enorme atractivo.
Duas vezes apenas subi até ao ponto mais alto deste monte. Chega-se lá sem fôlego devido à dureza da subida, mas depois de respirar fundo e normalizar a respiração é um prazer ver a península de Metangula estendida a nossos pés.
Quem me dera lá poder voltar!


Esta fotografia tem mais de 40 anos, quase 50, e muitas coisas mudaram desde então. A minha luta é encontrar alguém que actualmente viva em Metangula, ou tenha por lá passado recentemente e me possa facultar novas imagens para vermos as mudanças entretanto acontecidas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Talvez a solução esteja a caminho!

A Diocese de Lichinga está a envidar todos os esforços para fazer voltar ao normal a Igreja dos Santos Anjos, no Cobué, e dar aos seus fiéis o lugar de oração que já tiveram no passado.

 O Bispo D.Élio de visita ao lugar

 E sendo acarinhado pela população das redondezas

 Oficiando em condições precárias

 Convívio com a população

 O recomeço

As condições não são as melhores, mas...

Como se pode ver as coisas não estão paradas. Estas imagens já têm quase um ano e quem sabe hoje as coisas já estão muito melhor. A igreja, tanto a católica como a anglicana, sempre foi o maior de todos os elementos de modernização e desenvolvimento daqueles lugares. Esperemos que também nesta altura tenham sucesso nesta campanha.