quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O 25 de Setembro!

Primeira vista do Lago, para quem desce de Maniamba

Dia número 1 da Guerra de Libertação, em Moçambique. Festejou-se ontem e muita gente se juntou nas comemorações, a maior parte sem ter nada a ver com o assunto, a não ser ter nascido naquele grande país que eu considero a minha segunda pátria.
Pelo significado que tem, o 25 de Setembro transformou-se no feriado nacional  e deu o nome a muitas ruas e avenidas, em Moçambique. Para mim foi o dia em que recebi a guia de marcha para me juntar à "guerra". Já estava em Moçambique, há quase 2 anos, mas guerra era apenas uma possibilidade que se discutia nos gabinetes dos generais e não se reflectia na nossa vida de militares deslocados da Metrópole para lhe fazer frente. Tudo mudou, a partir de 25 de Setembro de 1964, a Frelimo começou aos tiros, no Niassa e Cabo Delgado, e este rapaz que mal tinha completado 20 anos de idade, foi metido, à pressa, dentro de um avião Nord-Atlas e em menos de um fósforo estava a desembarcar no aeroporto de Vila Cabral, capital do Niassa. O dia 26, há 54 anos atrás, foi o meu primeiro dia em Metangula, aquele cantinho do mundo, onde até dói falar de guerra, tal é a paz que ali se vivia.

domingo, 9 de setembro de 2018

Ai Chambo, Chambo!


Meses e meses avariado, o povo de Metangula já suspira pelo velho ILALA. Foi enviado para o Malawi para reparação - ainda não consegui perceber o que falta para ser reparado em Metangula, ou Meponda - e prometeram que estará de regresso na próxima quarta-feira. Será? O povo já não acredita em nada nem em ninguém. A falta de informação é um mal terrível!

sábado, 25 de agosto de 2018

De visita!


Desde que formei o grupo «Amigos de Metangula» no Facebook, nunca mais aqui voltei, mas isso não quer dizer que tenha esquecido tudo aquilo que aqui deixei publicado. E hoje passei por aqui para deixar esta montagem (texto e imagem) feita por mim e que também publicarei no grupo atrás mencionado. Isto faz parte da História de Portugal e Moçambique e como tal tem que ser preservado.

domingo, 13 de maio de 2018

Casei a filha, já posso morrer descansado!

Quando iniciei este blog, eu tinha o sonho de encontrar muitos amigos virtuais, de Metangula que me ajudariam a encher este espaço de notícias, fotografias e todo o tipo de histórias que transformariam este blog num ponto de referência para todos os combatentes da Guerra do Ultramar que passaram pelo Niassa. Andei nisto durante anos, sem o menor sucesso, até que me convenci que mais valia acordar e desistir do sonho.
Depois criei uma página, anexa à minha conta do Facebbok, pensando que essa rede social que estava em alta poderia dar o resultado que o blog não dera. Andei nisso mais um ano ou dois e tudo o que consegui foi uma mão cheia de amigos virtuais, quase todos em idade estudantil, e muitos likes. Uma vez que esse provou também não ser o caminho, enveredei por uma nova aposta, a criação de um grupo, no Facebook que juntasse velhos combatentes com jovens metangulensses, ou pelo menos niassenses, que estivessem abertos a colaborar.
E parece que desta vez acertei. Já aderiram cerca de 400 "amigos" e alguns deles lá vão dizendo alguma coisa e publicando algumas fotografias. Do nosso lado, o dos combatentes, vão surgindo algumas histórias e referências a factos conhecidos e do lado deles muita curiosidade sobre uma História e um tempo que não conheceram. Fazer a manutenção do grupo dá um pouco de trabalho e, tal como nos blogs, tenho que andar sempre à procura de algo novo que sirva de combustível para fazer andar a coisa. Com o tempo e o grupo de amigos a crescer, pode ser que o grupo ganhe alguma inércia e continue a andar. Como se costuma dizer - já casei a minha filha, posso morrer descansado.


E para ilustrar a minha publicação de hoje, deixo aqui um Dakota que, se a memória não me engana, é tal e qualzinho como aquele que todas as quartas-feiras (quando não estava avariado) ia a Metangula levar alguns passageiros e a comidinha, quando os camiões não podiam passar na estrada minada pelos "frelimos". 
Este, ou um irmão gémeo dele, foi abatido perto de Mueda, No Cabo Delgado, por um míssil terra-ar que lhe destruiu um motor, mas conseguiu (por milagre) aterrar, na pista de terra-batida de Nancatári, sem ninguém se ferir, e por lá ficou a apodrecer. Talvez ainda lá esteja hoje.

Dakota C47 com o número de registo 6175

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Mulheres de vida !


Ainda não adoptaram o uso de telhas no Niassa. Até porque isso obrigaria a grandes armações de madeira para as suportar e paredes mais resistentes para aguentar com o peso de tudo isso. É mais fácil, rápido e barato construir as paredes em adobe de argila e cobrir tudo com capim que é leve e a natureza oferece sem cobrar nada em troca.
Na imagem duas mulheres carregam enormes molhos de capim para um telhado novo, antes que chegue a época das chuvas. Aliás, antes das chuvas costumam fazer-se grandes queimadas, para renovação da vegetação, e lá se vai o capim todo. É aí que podemos recordar a velha expressão, "para o ano há mais".
Isto parece conversa de chacha, mas foi o que me veio à ideia para não deixar isto abandonado. É que não passa por aqui um moçambicano que se preze e deixe um comentário. Perdem todos o tempo com o Facebook e para os blogs não sobra nada. Com a participação de meia dúzia desses apaixonados pelo Facebook teríamos aqui um blog de estalo. 

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Começar o ano em beleza !

Se posso começar este ano novo com um desejo, quero que algum filho da terra de Metangula venha aqui escrever um comentário e provar que não ando aqui sozinho a fazer a festa, atirar os foguetes e apanhar as canas.


Sei que houve festa rija no Lago, mas não tenho nenhuma foto para o provar. Em contrapartida, a minha amiga Leta, de Lichinga, publicou esta fotografia para me mostrar como foi a festa na capital da província. Quem também esteve presente na festa foi o antigo governante Joaquim Chissano e até tiraram uma foto juntos, mas eu preferi deixá-lo de fora. A beleza e juventude da Leta já me chegam!