quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Refrescando a memória!

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Esta imagem foi gravada a partir do Google Earth e reporta ao ano de 2010. Para quem conheceu bem a Base da Marinha é fácil reconhecer os edifícios, um por um, que foram deixados pela Marinha Portuguesa.
No centro da imagem está o portão de entrada, o edifício do comando e a torre do farol. A partir desse ponto de referência é fácil reconhecer todo o resto.

A bela Metangula!

Levou tempo a conseguir motivar os rapazes Nyanjas para fotografar e publicitar as coisas bonitas da terra deles, mas finalmente começam a chegar os resultados. Computadores e máquinas fotográficas digitais não são ainda muito comuns naquele fim de mundo, mas em contrapartida os telemóveis são uma ferramenta do dia-a-dia para toda a juventude. Não sei aonde vão eles buscar o dinheiro para pagar os carregamentos, mas o facto é que todos eles aparecem no Facebook a toda a hora do dia e da noite. E eu colho os resultados dessa assiduidade. Ora vejam:



Estou farto de mirar estas fotografias e muito sinceramente não me lembro do portão de entrada assim como ele aparece aqui, mas deve ser a minha memória que está desfocada pelos 50 anos que se passaram entretanto.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O mundo virado do avesso!


O Artur é ainda um rapazinho, mas sonha vir a torar-se um engenheiro químico. Nasceu na Meleluca, local que para mal dos meus pecados conheci nos tempos da guerra de libertação, pois andava embarcado nas lanchas de fiscalização da Marinha de Guerra Portuguesa muito tempo antes de o Artur ter nascido.
Quando era miúdo via o sol nascer sobre as montanhas e depois desaparecer, ao fim do dia, para os lados do Malawi. Os estudos levaram-no para Lichinga e mais tarde para Nacala, onde agora vê o sol aparecer-lhe das ondas do oceano Índico e esconder-se para lá das colinas por trás de Nacala.
Na Meleluca nadava num mar de água doce, nela se lavava e dela bebia sofregamente quando sentia sede. Agora tem que procurar um duche de água doce se quiser tirar o sal da sua pele depois de dar umas braçadas nas ondas azuis do Índico.
Uma mudança e tanto, mas a sua vida mudará mais ainda quando terminar o seu curso de química e se candidatar a trabalhar numa das muitas empresas que crescem como cogumelos na costa norte de Moçambique e se dedicam ao negócio do petróleo e gás, as riquezas recém-descobertas que vão fazer crescer a economia de Moçambique e torná-lo, finalmente, num país sem miséria. Com alguma sorte, porque sem ela nada feito, este rapazinho que, há cerca de 20 anos, viu a luz do sol pela primeira vez nas margens do lago mais lindo do mundo, poderá ter uma palavra a dizer no futuro económico de Moçambique. Se até lá os chineses e os outros tubarões da petroquímica não tiverem comido tudo.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Novidades do Lago!


Acabadinha de publicar no Facebook por um dos meus amigos que vive em Metangula.
Quem está à frente dos destinos desta terra é uma senhora, a D.Sara, e pelos vistos ela não brinca em serviço. Pavimentar a rua principal, desde o Posto Administrativo até ao cruzamento da estrada que segue para Lichinga, é obra. Felizmente não andam por lá muitos camiões pesados, senão partiam aquilo tudo em pouco tempo.
Lá ao fundo o Tchifuli, à direita o muro branco da Base da Marinha, tudo muito arrumadinho e bonitinho como eu gosto!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sonhar não é proibido!


Nos velhos tempos o comboio só chegava ao Catur. No ano de 1969, no meio de uma guerra que se travava entre a Frelimo e as tropas portuguesas, entrou em funcionamento o novo troço que ligava o Catur a Vila Cabral. Depois veio a independência e a guerra civil e aos poucos o comboio foi parando, até que a vila de Cuamba (antiga Nova Freixo) passou a ser a estação terminal. O governo recentemente eleito, com maioria absoluta da Frelimo, prometeu restaurar a linha e pô-la em funcionamento, de novo até Lichinga (antiga Vila Cabral), no mais curto prazo de tempo possível.
Com os recursos naturais, carvão, petróleo e gás, que têm sido descobertos acredito que não faltarão interessados em deitar mãos à obra de reconstrução da «Linha de Nacala», a troco de uma boa fatia daquilo que for retirado do subsolo e do fundo do mar. Vamos esperar para ver.


Bom era que o dinheiro chegasse para prolongar os carris até Metangula. Aí talvez eu decidisse fazer umas férias no lago e matar saudades daquela terra linda que não vejo há tantos anos. Ir não sei se posso, mas sonhar eu posso com certeza.