domingo, 13 de maio de 2018

Casei a filha, já posso morrer descansado!

Quando iniciei este blog, eu tinha o sonho de encontrar muitos amigos virtuais, de Metangula que me ajudariam a encher este espaço de notícias, fotografias e todo o tipo de histórias que transformariam este blog num ponto de referência para todos os combatentes da Guerra do Ultramar que passaram pelo Niassa. Andei nisto durante anos, sem o menor sucesso, até que me convenci que mais valia acordar e desistir do sonho.
Depois criei uma página, anexa à minha conta do Facebbok, pensando que essa rede social que estava em alta poderia dar o resultado que o blog não dera. Andei nisso mais um ano ou dois e tudo o que consegui foi uma mão cheia de amigos virtuais, quase todos em idade estudantil, e muitos likes. Uma vez que esse provou também não ser o caminho, enveredei por uma nova aposta, a criação de um grupo, no Facebook que juntasse velhos combatentes com jovens metangulensses, ou pelo menos niassenses, que estivessem abertos a colaborar.
E parece que desta vez acertei. Já aderiram cerca de 400 "amigos" e alguns deles lá vão dizendo alguma coisa e publicando algumas fotografias. Do nosso lado, o dos combatentes, vão surgindo algumas histórias e referências a factos conhecidos e do lado deles muita curiosidade sobre uma História e um tempo que não conheceram. Fazer a manutenção do grupo dá um pouco de trabalho e, tal como nos blogs, tenho que andar sempre à procura de algo novo que sirva de combustível para fazer andar a coisa. Com o tempo e o grupo de amigos a crescer, pode ser que o grupo ganhe alguma inércia e continue a andar. Como se costuma dizer - já casei a minha filha, posso morrer descansado.


E para ilustrar a minha publicação de hoje, deixo aqui um Dakota que, se a memória não me engana, é tal e qualzinho como aquele que todas as quartas-feiras (quando não estava avariado) ia a Metangula levar alguns passageiros e a comidinha, quando os camiões não podiam passar na estrada minada pelos "frelimos". 
Este, ou um irmão gémeo dele, foi abatido perto de Mueda, No Cabo Delgado, por um míssil terra-ar que lhe destruiu um motor, mas conseguiu (por milagre) aterrar, na pista de terra-batida de Nancatári, sem ninguém se ferir, e por lá ficou a apodrecer. Talvez ainda lá esteja hoje.

Dakota C47 com o número de registo 6175