domingo, 19 de fevereiro de 2017

Problema sério!

Quem diz que a vida em Metangula é um problema e que a falta de água potável outro muito maior, veja como as coisas são na capital.


No bairro do Chamanculo, as coisas são muito piores. E como resultado um surto de cólera que ceifou algumas vidas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Arquivo fotográfico!


Arranjei esta nova foto do edifício de comando da nossa Base de Metangula e não encontro melhor lugar para a "arquivar" do que aqui no blog. Está um tanto ou quanto escura, parece ter sido tirada num dia de nevoeiro, mas vê-se o edifício, a torre e os jipes com muita nitidez e isso interessa-me.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Resistindo às balas!


Em 1964, quando cheguei ao Lago, a Lancha de Fiscalização Pequena Castor era quase tudo que tínhamos para navegar naquelas águas. E digo quase, porque além desta lancha tínhamos uma baleeira que era pilotada por um Cabo-de-Mar que, por coincidência regressou à Metrópole na nossa companhia, a bordo do Infante D. Henrique.
E muito embora existam relatos que afirmam que os primeiros tiros da Guerra Colonial, no Niassa, em Moçambique, foram disparados contra o Posto Administrativo do Cobué, eu garanto-vos que foram disparados contra esta lancha, na madrugada do dia 24 de Setembro, estando ela fundeada na baía de Metangula. Não lhe fizeram grande mossa essas balas, nem aquelas que contra ela voltariam a ser disparadas no dia 9 de Janeiro de 1965, no Lipoche, dia do meu baptismo de fogo.
Não o posso garantir, mas tenho quase a certeza que foram as duas únicas vezes que esteve debaixo de fogo. A primeira fez-me viajar de emergência de Lourenço Marques até Metangula, a segunda não me roubou a vida por mero acaso. Antes de mim e trepando para bordo exactamente pelo mesmo cabo que eu usei um minuto depois, foi morto um cipaio que nos acompanhava na operação.
Pouco tempo depois de eu ter saído de Metangula, no ano de 1968, foi esta lancha oferecida ao Malawi, como paga pela política de boa vizinhança e rebaptizada com o nome de John Chilembwe.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Apita o comboio!

Entre-Lagos, como nome indica, é uma povoação que fica localizada a sul do Lago Niassa e na região onde existem vários lagos mais pequenos, no sul do Malawi.


Mesmo situada num local onde água é o que mais há, não pode o povo que por lá vive evitar o problema da seca. Ter água por perto, mas não ter meios para a bombar para onde ela faz falta é o problema dessa pobre gente. E do governo também, pois não se mostra capaz de o resolver.


Desde a passada quinta-feira, dia 2 de Fevereiro de 2017, que apita o comboio em Entre-Lagos, povoação fronteiriça do distrito de Mecanhelas, província do Niassa. Trata-se de uma nova ligação ao vizinho Malawi, a partir da intersecção da Linha de Nacala/Nampula/Lichinga, em Cuamba.


São cerca de 230 kms que correspondem a cerca de 3 horas de viagem. Não sei é se haverá passageiros suficientes que justifiquem a exploração desta nova linha. A zona entre Cuamba e Entre-Lagos é quase um deserto e a menos que haja algum intercâmbio com os vizinhos malawianos a coisa pode dar para o torto. Não sei se activa ou desactivada, existe um prolongamento desta linha para o interior do país vizinho, o que pode abrir uma possibilidade de negócio. Para as gentes do sul do Malawi existem duas possibilidades de ir até à costa ver as águas azuis do Oceano Índico. Uma é seguir pela Linha do Sena, em direcção à Beira, a outra seguindo a nova linha, via Cuamba, até Nacala.


O pessoal do Lago, farto de comer peixe de água doce, vai começar a receber peixe do mar, vindo de Nacala. Aí é que eles vão ver a diferença de sabor que há entre os dois.