sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Pobreza franciscana!


Não me agrada nada ver este blog às moscas, mas falta-me material para o alimentar. Os amigos que arranjei em Metangula têm um problema difícil de resolver, a falta de internet fixa e (pior ainda) a falta de dinheiro. Moçambique é um país pobre e não podemos alhear-nos disso. Não há maneira de mudar esse estado de coisas de um momento para o outro.
Quem esteve no Niassa sabe que o povo Nyanja vive na Pré-História cultivando a terra por meios artesanais e recolhendo da natureza aquilo que ela lhe oferece através da caça e da pesca. A sua única preocupação é garantir algo com que confortar o estômago, cada vez que o sol se levanta no horizonte. É uma luta diária que absorve todos os seus esforços e, para além disso, pouco mais lhes interessa.
A TDM espalhou telemóveis de norte a sul de Moçambique e faz uns preços acessíveis para a juventude ter com que se entreter. Computadores não há, nem dinheiro para os comprar, de modo que usam o telemóvel para tudo, desde fotografia a navegação na internet. E já descobriram, ou alguém lhes ensinou o caminho para, o Facebook. Mas aquilo que partilham nessa rede social tem muito pouco valor, pelo menos para aquilo que eu pretendo.
Até o «Jornal Faísca» de Lichinga (que apenas se apanha através do Facebook) é tão fraquinho de notícias que dá dó. Publica umas fotografias de vez em quando, a maior parte com caras de políticos, que pouco ajudam nos meus propósitos, pois só por milagre se referem a Metangula ou às outras povoações das margens do Lago que nós conhecemos.
Talvez a aproximação do período eleitoral, com uma mulher candidata pelo distrito do Lago, venha mudar um pouco este estado de coisas. Pelo menos assim espero!


A Vale Moçambique vai iniciar as obras de reconstrução da linha de caminho-de-ferro entre as cidades de Lichinga e Cuamba, ainda durante o mês de Maio. A linha terá uma extensão total de 268km.
De acordo com um responsável da equipa técnica da Vale Moçambique, citado pela Cargo News, no decorrer de uma audiência com o governador provincial do Niassa, já foi aprovada uma verba equivalente a 36,57 milhões de euros para financiamento desta empreitada, nomeadamente para a reparação da linha e das estações, bem como para a compra de locomotivas e carruagens.
Além da linha Lichinga/Cuamba, na província de Niassa, a Vale Moçambique vai ainda repor em funcionamento o troço entre Cuamba e Entre-Lagos, na linha Tete/Malawi/Nacala, na província de Nampula.
Os trabalhos de reconstrução terão a duração de 25 meses.
In «Vida Imobiliária» de 2013-05-17


4 comentários:

  1. Moçambique padece da mesma doença que Portugal... Corrupção!

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  2. E pelo andar da carruagem essa doença vai demorar a passar.

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  3. Tenho um primo que abriu uma empresa no Maputo há seis meses, esteve aqui de férias, foi para o Maputo a semana passada e disse-me que está a andar devagar, mas está a andar, já é bom sinal, o nosso amigo Luís Cuamba, vai-se encontrar com ele, vou dando notícias, vou pedir ao meu primo para me enviar umas fotos para o Figueiraminha.

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  4. Lá, como cá, mudaram apenas as moscas. Não era este Moçambique que eu desejava para (todos) os Moçambicanos, quer fossem (ou sejam) pretos, brancos, mulatos, amarelos, peles vermelhas ou cinzentos. Passados quase 40 anos as populações não conheceram ainda "as melhorias da mudança" e as riquezas passaram (só) para as mãos de quem tomou e detém o poder. Muitos já se terão lembrado, com saudade, do odiado regime colonialista. Lamentavelmente! Sinal de que, estando mal como se sabia, mal ficaram como se sabe.

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