sábado, 7 de junho de 2014

Não era uma bomba, mas ...!


... foi um avião como este que salvou a vida a muita gente durante a Guerra Colonial, assim chamada pelos colonizadores portugueses, ou Guerra de Libertação, como lhe chamavam os guerrilheiros da Frelimo. A pista de aterragem de Metangula, rasgada à força de punho pelo pessoal da CF6, era única existente no Niassa, para além de Vila Cabral e foi portanto ali que começou a ver-se aparecer este pássaro de ferro fazendo a ligação entre a civilização e aquele recanto perdido no fim do mundo. Com as estradas todas minadas e o abastecimento em risco, foi pelo ar e com a ajuda destas "gloriosas máquinas voadoras" que não morremos à fome. Não consigo esquecer-me de termos passado perto de dois meses a comer massa com bacalhau ou peixe do lago a todas as refeições.
Olhando para as verdadeiras maravilhas que hoje existem na aviação custa acreditar que passaram apenas 50 anos!

4 comentários:

  1. Foram estas máquinas que levaram alimentação e reforços a muitos locais perdidos numa África retalhada.
    Foram também elas que evacuaram feridos e que ajudaram a salvar povoações cercadas.
    Em 50 anos mudou muita coisa e penso que daqui por mais uma dúzia deles muitas destas máquinas serão obras de museus.

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  2. Só quem por lá passou e ainda continua por cá a andar, é que sabe qual era a importante missão que essas máquinas voadoras representaram para quem esteve isolado no meio do mato, onde escasseavam os géneros alimentícios e não só, para os militares em diversos pontos destacados onde o acesso por via terrestre era muita das vezes impossível. Em Olivença, próximo da fronteira com a Tanzânia, estava um pelotão da Companhia de Caçadores 612, mais três meses destacado sem ser abastecido de géneros alimentícios por via terrestre. Foi lá um dia quase ao fim da tarde um avião da FA, aquele que a gente chamava em Angola de barriga de ginguba, lançar sacos de batatas, de arroz, de feijão e alguns pacotes de açúcar, dentro dos barris que antes estiveram cheios de vinho. Eu fui um dos militares que estive com outros camaradas a fazer o lançamento para terra, dos referidos géneros. Havia uma pista, mas não tinha capacidade para a aterragem do avião. Portanto, o combinado foi, enquanto o avião sobrevoava a mesma o mais próximo do solo possível tocava um alarme e só e enquanto se ouvia é que podiam lançar os citados géneros. Resultado final, ao baterem no solo ficava tudo escavacado. Lançar líquidos nem pensar. Bebiam água do rio, penso que era o que lá não faltava.

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  3. Deta e Dacota, fizeram verdadeiros milagres de sobrevivência!
    Outros tempos, outras guerras.

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  4. tambem o bcaç 598 ajudou a fazer a primitiva pista para avioes em metangula, capinando o terreno e fazendo explodir rocha.ainda bem que o trabalho foi util.lembrança do alferes checa do 598.

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